Um filme com Ryan Gosling e Michelle Williams jamais poderia ser ruim. Blue Valentine (no Brasil veio como “Namorados para sempre”) é uma produção de 2010 do diretor Derek Cianfrance. E é parte dos meus filmes preferidos sobre o amor… Eles estão longe de ser contos de fadas, são filmes sobre a vida real, sobre o amor real, sobre sentimentos reais. Eu prefiro falar sobre eles, as comédias românticas americanas e os contos de fadas já têm muitos entusiastas e não precisam de mais marketing.
O filme transita entre o hoje desgastado relacionamento de Cindy e Dean e o ontem mágico. O casal já tem uma filha e está em uma fase complicada, o desgaste da rotina, a frustração da diferença das visões de mundo. O que era mágico, não é mais. O que era o maior charme do outro, passa a ser o maior alvo de irritação. Ele pintor e ela enfermeira, tentam passar pela crise no relacionamento com pouca tolerância, pouca paciência e muito sofrimento que às vezes se confunde com indiferença. Com uma trilha sonora maravilhosa, atuações impecáveis, ângulos inusitados e um roteiro envolvente, é inevitável não lembrar de uma experiência pessoal ou de alguém que conhece. Onde vai parar a mágica dos inícios?
Causa incômodo em quem vê porque ter a verdade esfregada na cara pode ser bem provocador, por isso filmes desse tipo muitas vezes são repudiados pelo público geral. É o “felizes para sempre” que as pessoas querem ver, ainda que saibam que isso é uma ilusão e que relacionamentos perfeitos não existem, mas há uma tendência em usar o cinema para se encher de uma esperança ingênua que se transforma em frustração depois. Pra onde vai o amor quando o desgaste dá as caras? O fim de uma crise pode ser em uma separação, mas pode também ser em um reajuste e uma volta aos trilhos rumo a um relacionamento duradouro e sólido, mas qual foi o fim de Dean e Cindy? Assistam 🙂
Gosto de Blue Valentine pela naturalidade e veracidade das cenas e momentos. As cenas do início são simples e encantadoras, os momentos de crise são intensos e angustiantes. Dá uma dorzinha ver duas pessoas que ainda se amam tentando aceitar que não funcionam mais juntos e despertando pra tantos “defeitos” que sempre estiveram lá, mas que nunca incomodaram tanto simplesmente porque o encantamento era muito maior. É difícil sair ileso desse filme porque é muita veracidade, é muita realidade. Dos mais apaixonados aos mais desiludidos: todos vão ficar mexidos com Blue Valentine.
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